24ª fase da Operação Lava Jato da Polícia Federal tem como alvo Lula da Silva, assessores e membros da família do ex-presidente petista

Lula na mira da Justiça

Ex-presidente petista Lula da Silva na mira da Polícia Federal e da Justiça

 

SÃO PAULO e CURITIBA [ ABN NEWS ] — O ex-presidente Lula da Silva foi levado nesta sexta-feira (4) para prestar depoimento na 24ª. fase da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que apura o esquema de corrupção na Petrobras. Além de levar Lula coercitivamente (quando o investigado é obrigado a depor) para prestar esclarecimentos, a PF cumpre mandados de busca e apreensão no prédio do ex-presidente e na casa de seu filho, Fabio Luiz Lula da Silva, em São Paulo – acusados de receberem vantagens indevidas de empreiteiras.

O líder político petista foi levado às 6h pelas autoridades epara prestar depoimento, no aeroporto de Congonhas. Por enquanto ele não será conduzido a Curitiba, onde são concentradas as investigações da Polícia Federal na Lava Jato.

Essa fase da operação, batizada de Aletheia, apura se empreiteiras e o pecuarista José Carlos Bumlai favoreceram Lula por meio do sítio em Atibaia e o tríplex no Guarujá, como revela matérias na Imprensa.

De acordo com relatos, o ex-presidente Lula não reagiu quando a PF bateu à sua porta e permaneceu calado durante a condução coercitiva.

A defesa do político petista tentou evitar o depoimento e ingressou com pedido de habeas corpus. Mas, como o documento é valido apenas para São Paulo, e não para Curitiba, de onde despacha o juiz federal Sergio Moro (que conduz a Lava Jato), o ex-presidente foi obrigado a acatar a determinação da Polícia Federal.

Quatro carros da PF chegaram às 6h à sua casa, em São Bernardo do Campo (SP). Dez agentes ficaram na portaria. A mulher de Lula, Marisa Letícia, não foi obrigada, por enquanto, a prestar esclarecimentos – mas ela e os filhos Marcos Cláudio, Fábio Luis e Sandro Luis, além da nora Marlene Araújo, são alvos da Operação Aletheia da Polícia Federal.

Ao todo, são 44 mandados judiciais, sendo 33 mandados de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia.

Aproximadamente 200 agentes da PF e 30 auditores da Receita Federal foram designados para a Operação Aletheia.

Na casa do filho do petista, Lulinha da Silva, no bairro paulistano de Moema, dois carros da Polícia Federal e um da Receita Federal foram usados na diligência. Os agentes chegaram ao prédio dele também às 6h.

O Instituto Lula e a Odebrecht também estão na mira da Polícia Federal. Há mandados para Atibaia e Guarujá, onde estão sítio e tríplex, respectivamente, além de Santo André e Manduri.

A PF realiza ainda busca e apreensão na casa e na empresa do outro dono do sítio no papel, Jonas Leite Suassuna Filho, que também é sócio de Lulinha.

Na lista de investigações também estão os empresários Fernando Bittar e Jonas Leite Suassuna Filho, assim como Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula.

A empreiteira OAS, a Gamecorp, do filho de Lula, Fabio Luis estão entre as empresas investigadas na operação policial desta sexta-feira (4).

Saiba mais

O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa do Ministério Público Federal e da equipe de investigação da Operação Lava Jato, disse que há indícios de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o pagamento de vantagens, seja em forma de dinheiro, presentes ou benfeitorias em imóveis .

“As investigações são exatamente no sentido de comprovar ou não a participação do ex-presidente nas decisões de beneficiamento de partidos da base aliada. As investigações já vêm acumulando evidências que o principal beneficiário era o governo do PT, fica claro que os benefícios políticos colhidos foi de Lula e da atual presidente [Dilma Rousseff]”, disse o procurador em entrevista concedida em Curitiba na Superintendência da Polícia Federal.

O procurador revelou ainda que o ex-presidente petista recebeu cerca de R$ 20 milhões em doações para o Instituto Lula e cerca de R$ 10 milhões em palestras de empresas que também financiaram benfeitorias de um sítio em Atibaia e de um triplex no Guarujá. “Doações podem ser realizadas por diversos motivos, mas precisamos ver se isso tem motivação com as obras fraudulentas feitas pela Petrobras”, disse o procurador Carlos Fernando Lima.

As empresas Camargo Corrêa, Odebrecht, UTC, OAS, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez, segundo o procurador, pagaram 60% de todas as doações para o Instituto Lula e 47% dos valores das palestras para Lula entre 2011 e 2014.

De acordo com o procurador, a Polícia Federal (PF) investiga se Lula era quem liderava esquema de corrupção para desvio de dinheiro da Petrobras objetivando financiamento político e enriquecimento pessoal. Nas fases anteriores da investigação, o ex-ministro da Casa Civil, o deputado cassado José Dirceu, e o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari, presos na Lava Jato, eram também apontados pela polícia como um dos principais líderes do esquema de corrupção e fraudes.

O Ministério Público e a Polícia Federal investigam ainda o pagamento de serviços, pelo Instituto Lula, que tem benefícios fiscais, à empresa G4, pertencente ao filho de Lula. De acordo com o procurador, o instituto repassou mais de R$ 1 milhão para empresa por falsos serviços prestados.

O delegado Igor Romário de Paula, da Polícia Federal, esclareceu que o pedido de condução coercitiva para o ex-presidente Lula da Silva, feito pelo juiz federal Sérgio Moro, foi em função da segurança do ex-presidente e de seus familiares, já que se detectou uma mobilização de pessoas na tentativa de prejudicar a tomada do depoimento ocorrida nesta sexta-feira (4).