Fórum de Macau defende parcerias privadas para reforçar relações da China com países de língua portuguesa

Xu Yingzhen - Secretária-geral do Fórum de Macau

 
MACAU [ ABN NEWS + MACAUHUB ] — A secretária-geral do Fórum de Macau, Xu Yingzhen disse quarta-feira esperar que o desenvolvimento futuro da cooperação entre a China e os países de língua portuguesa passe pelo reforço de parcerias privadas que abranjam todos os sectores económicos e financeiros.

Xu Yingzhen falava dias antes da realização em Macau da 5ª Conferência Ministerial do Fórum Macau que se realiza dias 11 e 12 do corrente mês com a presença de altos dirigentes de Angola, Brasil, China, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e Timor-Leste.

“O Fórum quer que a cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa se desenvolva de uma forma mais sustentável e, para isso, é preciso haver maior participação do sector privado”, disse.

A secretária-geral considerou a queda nas trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa uma consequência da realidade económica internacional mas mostrou-se optimista na recuperação económica das relações e lembrou que neste momento existem 400 empresas chinesas com investimentos nos países de língua portuguesa, incluindo algumas de grande dimensão, como a China Grid, Three Gorges, Hainan Airlines, Fosun, Banco da China e Banco Industrial e Comercial da China, que fizeram investimentos da ordem dos 4500 milhões de dólares.

Xu Yingzhen referiu-se igualmente às dificuldades de acesso e ao pouco aproveitamento do crédito de 1800 milhões de yuans disponibilizados pela China para apoiar projectos nos países africanos de língua portuguesa e em Timor-Leste e revelou que aguarda ainda uma resposta à proposta apresentada pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), que funciona como intermediário entre empresários, o fundo da China e o Governo de Macau, para que o Banco de Desenvolvimento da China instale em Macau um gabinete para dar assistência técnica a eventuais interessados nesse apoio financeiro.

A mesma responsável do Fórum de Macau indicou que nos últimos 3 anos países africanos de língua portuguesa e Timor-Leste receberam da China cerca de 270 milhões de dólares em empréstimos com condições vantajosas.

Xu Yingzhen recordou que quando o Fórum de Macau foi criado a cooperação centrava-se em apenas sete áreas e hoje abrange 17, número que certamente irá aumentar depois da próxima conferência ministerial.

O secretário-geral adjunto, Vicente de Jesus Manuel, disse, por seu turno, que Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor-Leste já beneficiaram desses apoios financeiros.

Vicente Manuel considerou que maioritariamente a cooperação económica da China com os países de língua portuguesa assenta nas áreas das infra-estruturas, energia, agricultura, pescas e turismo.

O secretário-geral adjunto do Fórum de Macau disse ainda que uma das saídas para reverter a queda nas trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa será reforçar e diversificar “a economia dos países de língua portuguesa que são maiores exportadores em matéria-prima não processada.”

Em 2003 a China concedeu a Macau o papel de plataforma de cooperação entre a China e os países de língua portuguesa e criou em Outubro do mesmo ano na dependência do Ministério do Comércio da China o Fórum Macau, que reúne a nível ministerial de três em três anos.