O Fracasso como Método de Gestão no Governo do Brasil

O desleixo, o descuido com o dinheiro público está na raiz do pedido de impeachment movido contra Dilma, que falhou num dos preceitos básicos do exercício de sua função.

Palácio do Planalto em Brasília

Não bastasse isso, autorizou gastos quando deveria cortar despesas e usou dinheiro de bancos públicos para financiar o Tesouro. E, cereja do bolo, omitiu-se diante da roubalheira que drena para bolsos companheiros os recursos da sociedade. Tem gente que pode até achar pouco, mas é motivo de sobra para afastar uma presidente do cargo

 

BRASÍLIA [ ABN NEWS ] — No mesmo dia em que foi acolhido o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o governo comemorou a aprovação da revisão da meta fiscal do ano que termina daqui a três semanas. Só mesmo uma gestão com o baixíssimo padrão atual seria capaz de saudar como sucesso o fracasso de produzir um rombo de R$ 120 bilhões nas contas públicas.

Gastar mais do que se arrecada tornou-se norma das gestões petistas. No ano passado, aconteceu o mesmo. Também faltando poucos dias para 2014 acabar, o governo conseguiu aprovar no Congresso uma mudança na meta fiscal, que até então previa superávit de R$ 116 bilhões. Com a porteira escancarada, Dilma fechou seu primeiro mandato apresentando déficit de R$ 32 bilhões no ano, recorde histórico.

A lição não foi aprendida e, agora, a saga rumo ao fundo do buraco prossegue. Quando a Lei de Diretrizes Orçamentárias para este exercício foi apresentada, em meados do ano passado, previa-se superávit de R$ 143 bilhões em 2015. Quando Dilma inaugurou seu tumultuado segundo mandato, o valor já havia caído para R$ 66 bilhões. Em julho, nova revisão, para R$ 8,7 bilhões. Até que chegamos ao superlativo rombo atual.

Os resultados fiscais acumulados neste ano até agora são vergonhosos. Até outubro, o governo exibe déficit de R$ 34 bilhões, algo nunca antes visto na história. Não fosse o esforço de estados e municípios – que, no limite do sacrifício, produziram saldo de R$ 17 bilhões em dez meses – o poço estaria ainda mais fundo.

O corolário desta escalada sem fim dos gastos aparece na evolução recente da dívida bruta. Desde o fim do ano passado, a alta supera sete pontos do PIB: passou de 58,9% para 66,1% em apenas dez meses. No ano que vem, o Brasil deve se tornar o país emergente mais endividado do mundo, superando a linha dos 70% do PIB. O céu é o limite.

Para o próximo ano, tudo indica que a calamidade continuará. Em um primeiro momento, o governo chegou a propor um rombo de R$ 30,5 bilhões para 2016. Como o Brasil perdeu até o grau de investimento por causa desse malfadado anúncio, a meta foi revista para um superávit de R$ 44 bilhões (0,7% do PIB), no qual ninguém acredita.

A incúria, o desleixo, o descuido com o dinheiro público está na raiz do pedido de impeachment movido contra Dilma. A presidente transformou a má aplicação dos recursos que recebe dos contribuintes – ou seja, de todos os cidadãos – em método de gestão. Falhou num dos preceitos básicos, centrais do exercício de sua função.

Não bastasse isso, autorizou gastos quando deveria cortar despesas e usou dinheiro de bancos públicos para financiar o Tesouro. E, cereja do bolo, omitiu-se diante da roubalheira que drena para bolsos companheiros os recursos da sociedade. Tem gente que pode até achar pouco, mas é motivo de sobra para afastar uma presidente do cargo (ITV).