STF homologa delação de Delcídio que compromete Dilma Rousseff e Lula

Aloizio Mercadante tentou impedir delação e ofereceu ajuda para Delcídio do Amaral

Aloizio Mercadante e Dilma Rousseff

 

BRASÍLIA [ ABN NEWS ] — O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), confirmou nesta terça-feira (15) a delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) sobre o esquema de corrupção da Petrobras investigada pela força-tarefa da Operação Lava Jato.

 

Leia a íntegra da delação

 

A colaboração do senador petista pelo Mato Grosso do Sul traz citações comprometedores à presidente Dilma Rousseff, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministros e ex-ministros e ainda a integrantes da alta cúpula do PMDB e do PSDB.

Os investigadores do maior escândalo de corrupção ocorrido no país já estão analisando as menções feitas por Delcídio aos políticos, em busca de indícios mínimos que justifiquem a abertura de inquéritos criminais.

Nos termos do acerto com a justiça, o petista vai devolver R$ 1,5 milhão, por seu envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.

A delação revela que o ex-presidente Lula da Silva mandou comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e de outras testemunhas.

Delcídio afirma que Lula pediu “expressamente” para que ele ajudasse o pecuarista José Carlos Bumlai pelo fato de que o amigo estaria implicado nas delações de Fernando Baiano e Nestor Cerveró.

Para o senador Delcídio, Bumlai tinha “total intimidade” e exercia o papel de “consigliere” da família Lula, expressão em italiano usada para designar os conselheiros dos chefes da máfia italiana. “No caso, Delcídio intermediaria o pagamento de valores à família de Cerveró”, registra o acordo de delação.

Durante conversa com o ex-presidente Lula da Silva, conforme outro trecho da delação, Delcídio diz que “aceitou intermediar a operação”, mas lhe explicou que “com José Carlos Bumlai seria difícil falar, mas que conversaria com o filho, Maurício Bumlai, com quem mantinha boa relação”.

Depois de receber a quantia de Maurício Bumlai, a primeira remessa de R$ 50 mil foi entregue em mãos pelo próprio Delcídio do Amaral ao advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, também preso pela Lava Jato, porém solto em 24 de fevereiro.

Na delação homologada, o senador petista Delcídio do Amaral também falou que Dilma Rousseff usou sua influência para evitar a punição de empreiteiros, ao nomear o ministro Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Delcídio do Amaral cita em seu relato outros senadores e deputados, tanto da base que apoia o Governo de Dilma Rousseff quando da oposição. O senador petista revelou também que a presidente Dilma tentou três vezes interferir na Lava Jato com a ajuda do ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “É indiscutível e inegável a movimentação sistemática do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da própria presidente Dilma Rousseff no sentido de tentar promover a soltura de réus presos no curso da referida operação”, afirmou.

Anteriormente, a petista tentou influenciar o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, e buscou um acordo com o presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Nelson Schaefer. O catarinense seria nomeado para o STJ se o juiz substituto na corte Newton Trisotto, também de Santa Catarina, votasse pela libertação dos empreiteiros envolvidos.

Delcídio fez ainda referências a integrantes das cúpulas de PMDB, PSDB e PT. Entre os nomes citados pelo senador estão colegas parlamentares do Senado que já são investigados em inquéritos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal: o presidente do da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), Edison Lobão (PMDB-MA), Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO). O parlamentar do Mato Grosso do Sul também fez referências ao vice-presidente Michel Temer, ao senador Aécio Neves (PSDB/MG) e também os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e José Sarney.

O senador peemedebista Valdir Raupp afirmou ao repórter que recebe com “muita estranheza” a informação de que teve seu nome citado na delação de Delcídio do Amaral. “Eu nunca tive uma relação mais próxima com Delcídio. Minha relação com ele sempre foi muito republicana”, afirmou.

O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) entregou gravações à PGR (Procuradoria Geral da República) de conversas de um de seus assessores com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, na qual ele tenta evitar a delação de Delcídio, oferecendo ajuda financeira e lobby junto ao STF (Supremo Tribunal Federal) para sua soltura.

Leia a íntegra da delação do senador Delcídio do Amaral