Viva a União Pela Amazônia

12º Fórum de Governadores da Amazônia Legal

12º Fórum de Governadores da Amazônia Legal


 
 

Nicias Ribeiro

 
BELÉM DO PARÁ [ ABN NEWS ] — E indiscutível que a sexta-feira passada, 20/11/2015, foi um dia alvissareiro para a Amazônia, em face da realização do 12º Fórum de Governadores da Amazônia Legal, no “Hangar – Centro de Convenções” em Belém, onde foi decidida uma tomada de posição em prol do desenvolvimento socioeconômico da Amazônia.

É evidente que esse evento já foi coroado de êxito, a partir do momento em que teve a presença de todos os governadores, o que, por si só, já demonstra o interesse e a unidade na luta em favor da Amazônia, que é esquecida pelo Brasil e pelo mundo a despeito de ter a maior floresta tropical, a maior reserva de água doce e a maior biodiversidade do Mundo. E esse evento ganha maior relevância, quando os Chefes de Governo dos nove Estados da Amazônia Legal decidem ir à luta na 21ª Conferencia Mundial do Clima, em Paris, em dezembro próximo.

É claro que todos devem festejar esse evento. Afinal, pela primeira vez é feito um documento assinado por todos os governadores da região, que reage ao discurso simplório de sustentabilidade da floresta amazônica, sem nenhuma preocupação com o crescimento socioeconômico. Aliás, como bem disse o governador Simão Jatene “às pessoas não bastam que vivam. Elas precisam viver com dignidade”.

No passado, a Amazônia era o “inferno verde” com uma densa floresta impenetrável, com lendas e mitos. Contudo, a partir dos anos 50, graças a construção das rodovias como a Belém – Brasília, Brasília – Acre, Cuiabá – Santarém e a Transamazônica, ocorreu uma enorme migração para o Norte e o Oeste do Brasil. E àquele “inferno verde”, do passado, foi gradativamente sendo invadido e explorado pelos novos colonizadores do século XX: os madeireiros, que exploravam seletivamente a floresta cortando, apenas, as árvores que tinham valor comercial e os fazendeiros, que devastavam a floresta em suas áreas, vendiam a madeira e formavam pastagens para a criação de boi.

Infelizmente, porém, o governo Federal, a partir do governo Lula tratou os desiguais como iguais, e, abruptamente, proibiu a extração de madeiras, sob o discurso, simplório, de defesa da floresta e do meio ambiente, e, ainda, proibiu a caça de animais silvestres, esquecendo-se que os caboclos, tal como os índios, alimentam-se da caça e da pesca. É claro que essa decisão do governo, na forma como foi tomada, traria graves consequências à economia de algumas regiões, levando-as ao colapso, como é o caso do Marajó onde não tem e nunca houve devastação da floresta, a não ser que considerem os seus campos naturais como áreas devastadas. E em assim sendo, como é que um governo decide suspender uma atividade econômica, abruptamente, sem antes mudar a base produtiva da população?

Como fica um trabalhador, que até então vivia feliz e tranquilo com sua família, de uma hora prá outra se vê proibido de trabalhar na mata tirando madeira, palmito e caçando?… Com certeza, que este homem não era tirador de madeira por gosto. Ele o era, porque foi o que lhe restou pra ganhar o pão de cada dia, para si e sua família. Essa era a sua profissão, que aprendeu com seu pai e avô. E agora, esta proibido de fazer a única coisa que sabe para sustentar a sua família. Dá pra imaginar o desespero desse homem, que é tão brasileiro quanto qualquer um outro da cidade? E que também tem direito à vida e à felicidade?!…

Mas como sobreviver?!… Por isso muitos foram com suas famílias para a cidade em busca de trabalho. Como não tinham profissão definida e às vezes nem documentos, não conseguiam trabalho. E ai muitos foram cooptados pelo crime, para sobreviver. Creio, que essa seja uma das razões para o aumento dos assaltos em nossas cidades. Outros, apesar das dificuldades, decidiram ficar no seu habitat. A fome tornou-os subnutridos e abriu-se a brecha à hanseníase e à tuberculose, as chamadas doenças da miséria, que recrudesceram em Afuá, Chaves, Portel e Anajás, por exemplo, fatos que denunciei, ainda como Deputado, da Tribuna da Câmara dos Deputados ao longo do primeiro governo Lula. Mas na época, só se dava ouvidos às ONGs ambientais. Por isso, festejo a decisão dos governadores da região saírem, unidos, na defesa do crescimento socioeconômico da Amazônia. Valeu!