BELO HORIZONTE [ ABN NEWS ] — Promovida entre os dias 21, 22 e 23 de setembro em Belo Horizonte, a Semana Internacional do Café (SIC) reuniu cafeicultores, torrefadores, classificadores, exportadores, compradores, fornecedores, empresários, baristas, proprietários de cafeterias e apreciadores da bebida para promover o mercado brasileiro e divulgar a qualidade dos cafés nacionais para o mercado interno e para os países compradores, além de potencializar o resultado econômico e social do setor.
O encontro é um dos principais eventos de promoção do café brasileiro realizado no Estado de Minas Gerais e apresentou diversas ações a milhares de profissionais do mundo focadas nas áreas de Mercado & Consumo, Conhecimento & Inovação e Negócios & Empreendedorismo.
A Agência de Inovação do Café (InovaCafé) da Universidade Federal de Lavras (UFLA) foi apoiadora do evento e participou das ações promovidas pela Aliança Internacional das Mulheres (IWCA Brasil) disponibilizando uma equipe de apoio composta por estudantes da universidade que atuam no projeto da Cafeteria Escola – projeto pioneiro que consiste na criação de um novo ambiente focado na conscientização e qualificação da comunidade sobre os diferentes métodos de preparo da bebida e na comercialização de cafés especiais dentro da universidade e que tem inauguração prevista para a primeira semana de outubro.
A Gestora em Inovação do Café da InovaCafé e Barista, Helga Andrade, participou do curso promovido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) e Associação Americana de Cafés Especiais (SCAA) sobre os fundamentos do espresso e leite vaporizado com o instrutor Gabe Smentek da Onix Coffee Lab, “essa capacitação vem contribuir com o aperfeiçoamento das técnicas que serão aplicadas e compartilhadas através dos cursos e treinamentos que serão promovidos na cafeteria escola, assim disseminaremos conhecimentos certificados por normas internacionais”, explica a barista.
Além de apoiar as ações, a InovaCafé esteve presente na reunião que abordou a pesquisa sobre as mulheres no sistema agroindustrial do café promovida pela IWCA Brasil, a agência está contribuindo com a elaboração de um livro sobre o tema através da mobilização de professoras, estudantes e pesquisadoras da agência.
Cases Brasileiros sobre Fermentação
A professora e pesquisadora da UFLA, Rosane Schawn, participou da mesa redonda sobre técnicas para fermentação de café juntamente com o produtor da Fazenda Santa Margarida, Mariano Martins, com o professor do Instituto Federal do Sul de Minas câmpus Machado, Leandro Carlos Paiva e com a professora do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), Michelle Costa.
Mediada pela jornalista Kelly Stein, a mesa redonda serviu como espaço para o compartilhamento de experiências sobre os processos de fermentação na cafeicultura. Na ocasião, a pesquisadora Rosane Schwan, apresentou estudo que confirmou: por meio de processos controlados de fermentação, que é possível obter cafés especiais de qualidade. “Quando iniciamos a pesquisa sobre o tema, a fermentação na cafeicultura tinha uma conotação negativa. Hoje sabemos que os processos variam de acordo com cada região e que qualquer um deles pode resultar em cafés de grande qualidade, com características bem peculiares”, avalia.
Segundo a pesquisadora, o grande desafio da fermentação na cafeicultura é contar com a heterogeneidade dos frutos. “Nos últimos anos tem-se conversado muito sobre a fermentação de café, mas a fermentação sempre existiu, não sei porque nas décadas de 40 e 50 o pessoal não falava em fermentação, mas o café é um alimento fermentando, é um grão que é fermentado, e que passa por uma atividade microbiana intensa, seja o café natural, cereja desmucilado ou descascado”, ressalta.
Rosane destaca a importância do evento “além dos produtores estarem procurando os conceitos corretos do processamento de café eles também querem inovar, eles querem trazer novos cafés para o mercado mas também cafés mais saudáveis, então nós somos muito questionados com relação a inibição de fungos para que a população brasileira passe a consumir um café não de altíssima nota, mas um café que seja saudável, e que possa ser saboreado o café bem fermentado e sem toxinas”.