Teoria da Maria Clara
Andreia Donadon Leal
Para Maria Clara Gomes Cota
MARIANA [ ABN NEWS ] — Foi numa manhã de domingo tingida de azul, lilás e dourado, que Maria Clara se encantou. Clara tinha uma beleza e luz invulgares demais, que brotavam do fundo da alma para o rosto e corpo de menina-moça. Nem tão menina, nem tão moça; no meio do caminho, em plena transformação com o correr compassado do tempo; mas o tempo iria corroborar para seu encantamento, com aviso prévio e marcado, que informaria a todos com antecedência que bateria suas asas transparentes e velozes rumo ao infinito. Pois é que Clara era diferente mesmo, nasceu metade menina, metade anjo de asas entre o azul e o lilás, para espalhar sua vivacidade e força na terra por 4015 dias. Sim, ela veio na velocidade de um raio! Clara era mais veloz do que o próprio som; mais veloz do que o limite inexpugnável da velocidade da luz! Quem poderia superar a Teoria da Relatividade? Como é que alguém de massa corpórea poderia desafiar Einstein? Somente Clara, simplesmente ela, com seu pulsar binário, formado por duas estrelas compactas (metade menina, metade anjo), que giravam aqui embaixo na meia ponta dos pés; agora lá em cima, num compasso capaz de emitir sinal do céu para a terra, em qualquer tempo. Clara sempre foi mais veloz do que a luz, mais veloz do que um táquion, capaz de conversar com os outros em qualquer tempo e espaço, com energia que ora acelerava mesmo perdendo energia, e voava numa velocidade infinita com energia zero…
Para Clara, claríssimo que seu tempo aqui era essencial, na medida certa para ela deixar seu recado:
“Sou muito grata a todos!”
“Deixem sempre um sorriso no rosto”!
“Ficam felizes por mim!”
“Mesmo na distância, a amizade continua”!
“Quando você está com uma doença feito a minha, tem que ser feliz”!
“O motivo do Canal da Mary é deixar as pessoas felizes”!
Para Clara, mesmo na sua ausência, apenas física e palpável, ela permanece no sol das manhãs e tardes de quaisquer estações; nas gotas suaves e fortes das chuvas; no vento que baila junto com o movimento das flores; no calor discreto que aquece a pele delicada das crianças em seus banhos de sol; na bromélia em cada encosta de montanha; no canto terno do sabiá que madruga junto com as formigas em fila organizada; no olhar brejeiro dos seus ilustres irmãos queridos; no abraço amoroso de seus dedicados pais; no sorriso e gritos entusiasmados dos seus colegas de escola; nos restaurantes que servem comida japonesa; no infinito, no ontem, no hoje, no amanhã, Clara, sempre Claríssima, será um ruflar eterno de asas em voo constante no céu azul e lilás de sua existência.
Como é que você sente alguém que viaja mais rápido que a luz para o passado, presente e futuro? Sentindo a Teoria da Maria Clara, na terra e no céu, duas moradas escolhidas por ela, para enviar mensagens e luzes em qualquer tempo. E o que isto tem a ver com Einstein? Einstein, agora lá em cima, num compasso celestial científico, mede a luz imensurável de Clara, para poder emitir, em qualquer tempo, sinais perceptíveis do céu para a terra, nas partículas transparentes de corpos de luzes. Pois é que Clara era diferente mesmo, nasceu metade menina, metade anjo de asas meio azuis/ meio lilases; capaz de viajar mais rápido do que a luz…
Andreia Aparecida Silva Donadon Leal – Deia Leal é Mestre em Letras – Estudos Literários pela UFV. Presidente da ALACIB. Diretora de Projetos Culturais da Aldrava Letras e Artes.