Político petista tenta transformar em luta política o que é firme marcha da Justiça, agir vigoroso das instituições e bom funcionamento do Estado. Escuda-se naqueles que mais prejudicou
BRASÍLIA [ ABN NEWS ] — Luiz Inácio Lula da Silva parece estar sentindo o calor do desfecho iminente das investigações que envolvem seu nome. Réu em três processos, e sob temor de ser preso a qualquer hora, o ex-presidente dedica-se agora a salvar a própria pele. Quanto à dos companheiros, de seu partido ou de quem mais quer que seja, ele lava as mãos.
O petista publica nesta terça-feira longo artigo na página de opinião da Folha de S.Paulo, para tentar refutar as razões de “por que querem condená-lo”. Nota-se ali a prestidigitação de advogados contratados a peso de ouro para cirurgicamente esgrimir argumentos jurídicos que calhem à tese de defesa do cliente.
Mas o texto traz velhos vícios do ex-presidente: soberba, arrogância, despeito, espertezas de toda ordem. Ciente de que está cada vez mais sozinho, de que cada vez mais os crimes lhe são direta e pessoalmente imputados, Lula escuda-se no “povo” para defender-se. Condená-lo equivaleria a vilipendiar os brasileiros mais pobres.
A organização criminosa de que Lula e seu partido são acusados pelas mais diferentes instâncias da Justiça, e também pelo Ministério Público, não expropriou o Estado para dar aos que mais precisam. Roubou o que mais faz falta aos que menos têm: o dinheiro que poderia ter feito os serviços públicos de saúde, educação, segurança etc saírem da situação de indigência em que estiveram nestes anos todos de petismo e continuam até hoje.
Lula diz que sua parte no “suposto butim” (os termos são dele mesmo) é irrelevante. Fosse um centavo já seria indecente. Mas o ex-presidente que por oito anos comandou o país é acusado de ter se locupletado de benesses e vantagens indevidas calculadas em R$ 3,7 milhões, na forma de um tríplex à beira-mar, uma sítio bucólico e despesas de armazenagem de suas bugigangas. Não é pouco, para nenhum cidadão.
Lula pode estar caminhando para seu ocaso político, o que é uma lástima para quem poderia ter tido outra trajetória longe de práticas republicanas criminosas, mas tornou-se um imperativo depois que se revelou o que ele efetivamente fez com o poder que o povo lhe concedeu. Ele merece, e deve, pagar pelos crimes que cometeu.
No fim das contas, Lula usa as 1.169 palavras de sua defesa para erigir-se num mito, que teria dedicado décadas de vida pública aos pobres. É uma tentativa desesperada de refutar o que a triste realidade revelou: alguém que usou a grande oportunidade que teve para locupletar-se, montar uma azeitada máquina de lesar o interesse público e instaurar no seio do Estado um monstruoso esquema de corrupção que agora o engole.
Lula tenta transformar em luta política o que é firme marcha da Justiça, agir vigoroso das instituições, bom funcionamento do Estado. Investigá-lo, acusá-lo e, sendo o caso, condená-lo é obrigação de um regime democrático justo. Não há estado de exceção em gestação. Há, sim, a justiça sendo feita. Para o bem do povo brasileiro, que Lula tenta agora, convenientemente, transformar em seu último escudo.