Conflitos no Sudão do Sul levam mulheres e crianças para o refúgio em Uganda

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ADJUMANI, UGANDA [ ABN NEWS ] — Ao caminhar pelo centro de trânsito Dzaipi, no norte de Uganda, você verá milhares de crianças correndo, dezenas de mulheres grávidas, jovens mães com seus recém-nascidos e idosas descansando debaixo das árvores. Mas você não verá muitos homens.

Mulheres e crianças formam a vasta maioria das aproximadamente 50 mil pessoas que fugiram do conflito no Sudão do Sul para tornar-se refugiados na vizinha Uganda. Muitos foram feitos viúvas e órfãos pelo confronto entre as forças leais ao presidente Salva Kiir e as do seu ex-deputado Piek Machar, assim como por outros conflitos no país mais jovem do mundo, criado no início de 2012.

“Muitas pessoas morreram lutando, temos muitos órfãos e viúvas,” diz o refugiado Elijah Daniel Aber Bol Deing, 24 anos. “Então muitos homens morreram.”

Nawal Ali Dut, 24, sabe disso muito bem. Antes de ir para Dzaipi, ela já tinha se refugiado na capital sul-sudanesa, Juba, vinda do Sudão, país vizinho ao norte. Seu marido, soldado sudanês, foi morto em 2011, e o resto da família morreu em bombardeios aéreos em sua região natal, as Montanhas Nuba.

Quando o conflito explodiu em Juba mês passado, ela e seus dois filhos pequenos foram forçados a encontrar um novo local para se abrigar em segurança. Como fala uma língua diferente da maioria dos refugiados Dinka em Dzaipi, ela se sente isolada.

“Não tenho ninguém para me proteger quando as pessoas estão lutando, ou para me ajudar a montar um novo lar”, diz. “Estou completamente sozinha e é muito difícil”. Depois de ficar sabendo de sua condição, o ACNUR a apresentou a sete outras famílias de Nuba no centro e eles começaram a dividir uma tenda comunitária – e a companhia uns dos outros.

Outras mulheres e crianças estão sozinhas porque seus homens os deixaram em Dzaipi por segurança e voltaram ao Sudão do Sul. Um deles foi Chol Bok, 27, que deixou sua família no centro de trânsito Dzaipi. “Vou voltar,” ele disse. “Como posso ficar, se sou um homem? É meu país e eu devo estar lá para defendê-lo.”

O ACNUR e seus parceiros, incluindo o governo de Uganda, estão tentando mover os refugiados sul-sudaneses do centro de trânsito Dzaipi para alojamentos onde eles possam receber uma melhor proteção. A agência da ONU para refugiados está fornecendo aos refugiados no norte de Uganda abrigo, comida, água, cuidados com a saúde e proteção básica com o apoio de várias ONGs e parceiros da ONU.

Crianças que chegam sozinhas ficam acomodadas em uma tenda separada, montada pelos voluntários da Cruz Vermelha de Uganda, que as ajudam a pegar a água e a comida a que têm direito. O ACNUR está estudando formas de ajudar mulheres chefes de família a construir abrigos quando elas chegam aos alojamentos.

Os homens que são vistos no campo estão frequentemente amontoados em grupos debaixo das árvores ou do lado de fora das tendas discutindo a situação política no Sudão do Sul. Por meio de ligações telefônicas, transmissões de rádio e informação boca-a-boca eles acompanham de perto a política do país natal.

Gabriel, 28, diz que o único caminho é a paz, mas nem todos descobriram isso ainda. “Nós que frequentamos a escola queremos a harmonia,” ele diz. “Aqueles que não, querem conflito.”

O pastor Joseph Atem está promovendo a paz e a reconciliação em uma Igreja temporária que ele montou na entrada do centro de trânsito Dzaipi. Nas reuniões das manhãs de domingo, ele prega o perdão. Durante a semana, ele anda pelo campo, ouve os problemas dos refugiados e discute formas de trazer a paz para o Sudão do Sul.

Elijah, aos 24, não quer permanecer refugiado por toda a vida. Ele prefere ajudar a formar um país pacífico na volta para casa, sem disputas mortais entre políticos. “Só estamos buscando a paz. Não precisamos que ninguém perca a vida por causa de uma liderança”, diz ele. “Liderança não é apenas para uma pessoa, é para todas. Nós somos um povo e devemos ficar unidos”.

Por Lucy Beck, da Acnur, no Centro de Trânsito Dzaipi, Adjumani, Uganda.

 


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